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29 de abril de 2013

ENTREVISTA Maria Cristina Silva, professora e intérprete de Libras

Libras na Universidade: uma inclusão social


Rosângela Fressato
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A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é uma importante ferramenta de inclusão social e por isso não poderia deixar de ser inserida no aprendizado oferecido pela UNIFENAS. A Universidade instituiu a disciplina curricular de Libras no curso de Pedagogia desde 2007 e, nos demais cursos, nos anos seguintes, como disciplina optativa. A responsável por esta disciplina é a professora Maria Cristina da Silva, que recentemente foi certificada pelo MEC como Proficiente na Tradução e Interpretação de Libras Língua Portuguesa (PROLIBRAS) e que nesta entrevista explica a real importância deste trabalho nas salas de aula.



Como a senhora define a importância de um profissional saber a língua de sinais?

Com o conhecimento da Libras, mais oportunidades o profissional terá, uma vez que os atendimentos, prestação de serviços e as demais interações sociais ainda não contemplam totalmente o atendimento à pessoa surda. Compreender a importância e garantir o acesso e permanência de pessoas em condições diversas nas escolas implica novos conhecimentos e posturas. O acesso e a permanência de pessoas surdas nas escolas estão intrinsecamente ligados à língua de sinais, salvo em casos em que a tecnologia, como por exemplo, aparelho de amplificação sonora individual ou implante coclear são adotados, o que nem sempre é possível.



Os acadêmicos da UNIFENAS têm a consciência da necessidade desta ferramenta para a inclusão social?

Certamente. Graças às mudanças de consciência, eles entendem que a educação é a principal forma de promoção humana. Sendo assim, a escola (solo fértil para transformações e desconstruções) é o lugar ideal para novos olhares de inclusão. Nesse sentido, o professor (substrato fundamental neste processo) precisa conhecer para atuar na construção de tantas pontes. Para compreender que práticas inclusivas devem ser transformadoras, o curso de Pedagogia desenvolverá, na disciplina de Educação Inclusiva, um projeto que visa orientar as indústrias e empresas sobre a convivência no trabalho com pessoas com necessidades especiais. E a UNIFENAS prima pela acessibilidade: vagas destinadas à pessoa com mobilidade reduzida, banheiros adaptados, elevador, intérprete de Libras... são as barreiras dando lugar a rampas...



Além destas suas colações, que aparato a auxilia nas aulas?

O curso de Pedagogia recebe convidados com os quais compartilha da confecção de material adaptado para alfabetização do aluno surdo. A biblioteca da Universidade dispõe de vasto material para consulta, como, por exemplo, dicionários ilustrados. Outros materiais são disponibilizados no blog: wwwlibras.blogspot.com (Libras – Sinais de Inclusão), no qual podem ser encontrados alguns trabalhos produzidos pelos alunos.



A UNIFENAS também organiza alguns eventos que promovem a disseminação da Língua de Sinais em Alfenas e região, como o Fórum de Libras. Comente sobre estes trabalhos.

Todos os anos realizamos o Fórum de Libras, quando são apresentados alguns projetos de alunos do curso de Extensão em Libras e de acadêmicos do câmpus Alfenas. O Fórum recebe convidados que são especialistas envolvidos na área da surdez: fonoaudiólogos, educadores, familiares de pessoas surdas e surdos, para a troca de experiências e depoimentos. A APAE do município de Areado tem sido nossa parceira todos os anos, presente no Fórum e compartilhando dos nossos ideais no sentido de conhecer e divulgar a importância da Libras para inclusão de surdos. E, no segundo semestre deste ano, haverá a quinta edição do Fórum de Libras.



Em sua opinião, a falta de professores qualificados em sala de aula pode prejudicar o aprendizado de um aluno surdo nas escolas?

A Libras deve estar presente não só na sala de aula em que há o aluno surdo (via intérprete), mas também na convivência com professores e amigos, afinal é por meio da verbalização e expressão de nossos pensamentos que interagimos e construímos nossa identidade. E a língua é um dos instrumentos fundamentais na percepção de nós mesmos e do outro. A presença de um aluno surdo em escolas que não adotam o bilinguismo (Libras e língua portuguesa escrita), direito postulado em documentos nacionais e internacionais, equivale abrir mão da acessibilidade e, consequentemente, do direito à cidadania.



A Libras possui estrutura gramatical própria?

Sim. A libras é visual-gestual; é uma língua pronunciada pelo corpo. Os sinais são formados por meio da combinação de formas e de movimentos das mãos e de pontos de referência no corpo ou no espaço, ou seja, parâmetros. Segundo a legislação vigente, Libras constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas com surdez no Brasil, no qual há uma forma de comunicação e expressão, de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria.