Debatedores falaram de lutas históricas por direitos e que o conhecimento leva a inclusão socioeconômica
Organizado pela Liga da Justiça Social (LIJUS), a doutora Mayra Thais Andrade Ribeiro, professora do curso de Direito da UNIFENAS, se reuniu com palestrantes dos Estados de Minas Gerais, Maranhão e do Pará na mesa-redonda “Um olhar para as minorias negras e indígenas”. O encontro virtual estabeleceu um diálogo a partir dos estudos e experiências de vida dos participantes.
Doutora e mestre em Direito Internacional e Direitos Humanos, a professora convidou para o debate Kelly Araújo, graduada em Ciências Humanas -Geografia e mestranda em História pela UFMA, quilombola da Comunidade Santo Antônio dos Pretos (Grajaú - MA); Tel Guajajara, ex-deputado Jovem, acadêmico de Direito, Indígena Guajajara, membro da APYEUFPA (Associação dos Povos Indígenas Estudantes na UFPA); Natalino Silva, doutor e mestre em Educação pela UFMG, professor adjunto do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Unifal - MG; e Jairza da Silva, geógrafa e mestre em educação, idealizadora da Escola Preta MG.
Em entrevista, a docente da UNIFENAS destacou que as exposições dos convidados criaram “um amplo debate sobre como a inclusão social e as políticas de ações afirmativas são essenciais para impulsionar o direito à igualdade de oportunidades a todos os grupos que são excluídos e marginalizados na sociedade por violações históricas sofridas, cujos reflexos os prejudicam até os dias atuais”.
Para a doutora Mayra, colocar as minorias negras e indígenas em pauta no meio universitário permite a toda essa comunidade compreender a realidade de cada uma delas. Como disse, a trajetória de ambas é marcada por lutas históricas por direitos, respeito e reconhecimento das culturas originárias, como os quilombos e as tribos indígenas. Ela acredita que com esse conhecimento “o poder público e a iniciativa privada podem promover a inclusão socioeconômica a partir de atividades acadêmicas”.
Em relação aos movimentos que hora se identificam pela expressão “negra”, hora pela expressão “preta”, a mediadora da mesa-redonda deixou a seguinte colocação: “É preciso perceber o contexto brasileiro sobre os termos ‘preto/negro’. No Brasil, os pesquisadores, os ativistas e as instituições antirracistas trabalham para desconstruir e ‘ressignificar’ ‘preto/negro’; visto que ambos são amplamente utilizados pelos movimentos, grupos e nas políticas afirmativas de inclusão social das pessoas negras no Brasil. É preciso entender que o racismo (preconceito pautado na ideologia de que os brancos são superiores aos pretos) é que deu uma conotação depreciativa. No Brasil temos movimento negro, teatro negro, música negra. E na classificação do IBGE considera-se como preto as pessoas que se autodeclaram como negras ou pardas, e tal classificação foi importante para proporcionar o levantamento populacional para o estabelecimento de políticas de ações afirmativas. O problema está na prática do racismo de usar ‘preto/negro’ de forma pejorativa ou ofensiva!”.