Hélder Luiz Ribeiro da Silva, coordenador do curso de Enfermagem da UNIFENAS, câmpus de Alfenas
Professor universitário em diversas graduações, o mestre em Enfermagem, pela EERP-USP (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo), Hélder Luiz Ribeiro da Silva, coordenador do curso de Enfermagem da UNIFENAS, câmpus de Alfenas, nesta entrevista discorre sobre o atual momento vivido pelos profissionais da área.
Em seu breve relato, o professor, que tem o mestrado em Enfermagem Psiquiátrica, destaca alguns desafios impostos pelo enfrentamento ao novo coronavírus. Suas palavras são de otimismo, com a certeza de que mesmo diante ao sofrimento de muitos, essa classe de profissionais se mostra forte no compromisso de trabalhar em prol da vida e em superar os seus próprios medos.
Atuante na área de epidemiologia e em sistemas de informação em saúde, pelos motivos já expostos, Hélder Luiz acredita que o 12 de maio, Dia Internacional da Enfermagem, deve ser comemorado por todos.
O que dizer aos profissionais e acadêmicos de Enfermagem neste momento em que se comemora o seu Dia em meio a pandemia do COVID-19?Comemore! É momento de orgulho, visto que a profissão tem um papel fundamental na estrutura de serviços de saúde mundial e esta característica tem sido mostrada com mais evidência agora, devido a pandemia do COVID-19. Somos profissionais preparados para tudo, temos uma formação generalista e que presta um serviço essencial, seja em pandemias, surtos ou na prevenção e promoção em saúde. Então, temos que nos orgulhar, comemorar!
A mídia tem demonstrado o importante papel dos profissionais da saúde no tratamento dos pacientes infectados. Mesmo em meio a tantos casos de pessoas que se recuperam da doença, podemos dizer que, neste caso específico, não há o que se comemorar! Uma vez que uma vida perdida é algo absoluto. Em um cenário de perda, como o profissional da Enfermagem é preparado para lidar com esta situação real?De fato, é uma situação de muito sofrimento quando perdemos uma vida, não é fácil! Contudo, temos na nossa formação profissional um trabalho intenso de preparação para enfrentamentos de situações de pressão psicológica, como é o fato desta, em particular. Na linha de frente, devemos estar preparados para o pior, porém fazendo o nosso melhor, sempre considerando a empatia em todos seus aspectos.
É obvio que os profissionais que estão na linha de frente, nos hospitais, tomam os cuidados necessários quanto à sua própria segurança. No entanto, estamos falando de enfermeiros e enfermeiras, pessoas, seres humanos. Eles também têm medo de se contaminar? O que lhes dá força para enfrentar essa insegurança? Esta pergunta está relacionada a questão do instinto de sobrevivência do ser humano. Temos medo sim! Afinal, somos pessoas como qualquer outra. Temos nossas famílias para cuidar, temos nossos sonhos a viver e queremos viver. Entretanto, mesmo com esta apreensão, consideramos nosso dever para com a vida. Respeitamos nosso juramento profissional que diz: “...juro dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana...”. Daí vem a nossa força, saber que somos fundamentais e que fazemos a diferença para a pessoa humana necessitada de cuidados em saúde.
De que forma o curso de Enfermagem da UNIFENAS fornece aos seus acadêmicos a aprendizagem que lhes garantirá a formação de um profissional seguro, ético e atuante como promotor da saúde integral do ser humano, principalmente em tempos difíceis e inesperados como o causado por esta doença do novo coronavírus? O curso de Enfermagem da UNIFENAS traz em sua matriz curricular disciplinas que oferecem uma formação de excelência ao nosso aluno. Desenvolvemos, aqui, competências e habilidades que serão utilizadas em quaisquer circunstâncias, inclusive em uma pandemia. Oferecemos uma estrutura de qualidade indiscutível e de fazer inveja a qualquer instituição no Brasil. Com destaque para o nosso hospital universitário, o Hospital Alzira Velano, que realiza cerca de 50 mil procedimentos ao mês e que proporciona um leque de experiências das mais diversas aos nossos acadêmicos. Além disso, temos o orgulho de sermos um dos melhores cursos de Enfermagem do Estado de Minas Gerias, com egressos atuando em todas as regiões do Brasil e no exterior.
Como o profissional Hélder Luiz Ribeiro da Silva, enfermeiro, coordenador de um curso de Enfermagem e professor em outras graduações, vê a área da saúde no mundo pós-pandemia?Teremos muitas mudanças na área da saúde, principalmente no que se diz respeito a educação em saúde. Acredito que, com este cenário epidemiológico, a informação de qualidade e baseada na ciência será o único caminho para alcançarmos o sucesso no combate a outros possíveis problemas de saúde pública desta magnitude. Com um povo corretamente instruído, um sistema de saúde robusto, como o SUS, e com boa-vontade política, é possível vencer qualquer situação desfavorável.
Acredita que protocolos de segurança serão revisados, principalmente se considerarmos que o Brasil não é um país homogêneo?Sim, deverão e já estão sendo revisados pelos órgãos federais, estaduais e municipais. Por ser o Brasil um país continental em extensão e em diversidade cultural, deve-se levar em consideração estas peculiaridades na construção de novos protocolos. De modo geral, teremos diretrizes para o Brasil, contudo, teremos também orientações adaptadas às diversas regiões brasileiras. A forma de se instruir, de se informar e de se educar em saúde um ribeirinho é diferente de um cidadão que vive em uma grande cidade. Esse será um desafio interessante.
Há alguma consideração que gostaria de fazer?Tenho a convicção de que é preciso acreditar na ciência. É preciso entregar o melhor de nós todos os dias, pensar no próximo, trabalhar em equipe e ainda acreditar que tudo vai melhorar, pois vai! Sairemos mais fortes, mais evoluídos e “reumanizados”. Sobre a minha profissão de formação, essa estará descrita na história como verdadeiros heróis, aqueles que ficaram na linha de frente, lutando pela vida de centenas de milhares de pessoas e que foram, são e serão fundamentais para a saúde de qualquer nação.