“Passeato” em comemoração ao 18 de Maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial
Everton Marques
A caminhada percorreu as ruas próximas ao centro de Alfenas
Por meio da parceria entre a Liga Acadêmica de Atenção Psicossocial Arthur Bispo do Rosário (LAAP), do curso de Psicologia da UNIFENAS, com a Secretaria Municipal de Saúde de Alfenas, a UNIFAL e a IMED (Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento), foi realizado o “Passeato”, uma caminhada do Centro de Convivência Esperança até à Concha Acústica da Praça Getúlio Vargas. A mobilização, que teve por tema “De mãos dadas ‘contracorrentes’” e ocorreu em comemoração ao 18 de Maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial, também contou com o apoio da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, de trabalhadores da saúde mental, de pacientes e familiares da atenção psicossocial e da Banda Fanfarra Show Judith Viana.
Na Concha Acústica, organizadores destacaram que a Luta que viabilizou a reforma psiquiátrica brasileira, no final dos anos de 1970, requer uma vigília constante para que se evite o retorno dos manicômios. O que eles temem é que as pessoas com sofrimento mental, usuárias da rede de atenção psicossocial, venham novamente a serem internadas em locais que lhe causem dor. “Como a gente diz: ‘Saúde não se vende, usuário não se prende’. A gente não quer que prenda a loucura, a gente não quer que prenda as pessoas. Elas têm os seus direitos e a gente está aqui para lutar para isso, para que a reforma esteja atualizada todos os dias”, disse Gabriela de Oliveira Borges, estudante da UNIFENAS e presidente da Liga de Atenção Psicossocial.
Há profissionais da área de Psicologia que acreditam, por exemplo, que o tratamento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), e sem internação, ainda é a melhor opção. Quanto ao preconceito social, ele é uma realidade. “Muitas pessoas querem excluir, não têm esse entendimento, mas a sociedade tem que entender o diferente, ela tem que conviver com a diferença e todos nós no mesmo espaço, sem fazer essa exclusão”, destaca Valdene Rodrigues Amancio, professora e coordenadora da Liga.
Milca Okamura teve dois filhos internados em diversas clínicas psiquiatras ao longo de mais de 20 anos. Um período de muito sofrimento, segundo relatou. A sua vida e a dos filhos mudou quando há 10 anos passaram a ser atendidos pelo CAPS. “Hoje no CAPS eles são felizes, lá são muito bem tratados. Eles têm o CAPS como a própria casa.”
No “Passeato”, houve também a apresentação da Banda Batuque Mental e exposição do artesanato produzido no Centro de Convivência Esperança. Luciane Leite, uma das usuárias do Centro, sonha com uma sociedade que respeite as diferenças. “Que não trate o diferente, diferente. Que trate com respeito e não com preconceito. Porque não é atrás das grades que ele precisa ficar”, afirmou.