O auditório Prof. Edson Antônio Velano ficou repleto de pessoas que foram prestigiar o Simpósio
O 2º Simpósio da Liga Acadêmica de Atenção Psicossocial Arthur Bispo do Rosário (do curso de Psicologia da UNIFENAS) promoveu, na noite de 14 de maio, a mesa-redonda “De mãos dadas contracorrentes”, referente ao 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O evento foi desenvolvido juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde de Alfenas, a UNIFAL e a IMED (Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento).
O Simpósio trouxe como palestrantes o psiquiatra Daniel Lessa Akerman e o psicólogo Rodrigo Chaves Nogueira. A coordenadora da Liga e também mediadora da mesa, professora Valdene Rodrigues Amancio, explica que o tema da mesa-redonda refere-se ao grave momento que o Brasil está vivendo, sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Ela conta que houve um avanço muito grande desde que a Luta Antimanicomial começou, no final da década de 70, diminuindo as internações e abolindo tratamentos desumanos como eletrochoques, mas que, no início deste ano, em fevereiro, houve uma nota técnica do Ministério da Saúde abordando o aumento de leitos psiquiátricos. “Esta notícia parece ser uma coisa boa, mas é muito negativa porque o que queremos é a criação de mais CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e mais serviços abertos. Então, por isso, estamos com este título, estamos de mãos dadas contra esta corrente manicomial, que está surgindo novamente em nosso país”.
Para a coordenadora do curso de Psicologia, professora Rosane Carvalho da Silveira Abbade, este evento é de suma importância, uma vez que a Luta Antimanicomial sempre foi um assunto relevante e, atualmente, ainda mais, pois o país está vivendo um momento de retrocesso pela demanda da volta dos manicômios. “E isso é gravíssimo para nós, da Psicologia, porque a nossa luta, a nossa bandeira é que isso não volte, para que isso nunca mais exista. Estas pessoas precisam, sim, de um cuidado, mas de um cuidado outro que não o manicômio. O manicômio não tem que ser a primeira referência, a primeira possibilidade; nós temos outros dispositivos para tratar de pessoas com sofrimento psíquico grave, como o CAPS, a Clínica de Psicologia da UNIFENAS. Precisamos juntar, todos da saúde, em prol desta causa, de não deixar que os manicômios retomem com as forças que eles tinham. Vemos muitas situações de crueldade acontecendo nestes lugares que não são tratamentos, são somente prisões”.
O psiquiatra Daniel Lessa Akerman abordou sobre a redução de danos no tratamento de pessoas com algum tipo de dependência química. Ele comenta que é importante as pessoas circularem entre os pacientes, é importante a entender as doenças mentais e as dependências químicas de um jeito mais amplo, pois estas pessoas não são só isso; não são só o transtorno mental, não são só a dependência química. “Por isso temos que trazer para as universidades essa discussão, já que é daqui que vão sair os profissionais que vão tratar estas pessoas e por isso precisam ter uma visão menos preconceituosa, menos moralista e entender isso de uma forma mais ampla”.
O evento teve início com um momento cultural em que o grupo Batuque Mental, formado por usuários do Centro de Convivência de Alfenas, fez apresentações musicais.