Acadêmicos e Sander Simaglio (ao centro) durante o debate
O respeito às diferenças foi uma das colocações mais ouvidas durante o debate “Identidade e Minorias” organizado na UNIFENAS. A convite de alunos do curso de Psicologia, o advogado Sander Simaglio, como representante do MGA (Movimento Gay de Alfenas), contou como nasceu o movimento. A história serviu de base para se discutir questões ligadas à homossexualidade. O debate, no dia 9 de novembro, surgiu a partir da atividade integradora do 2ª período, sob a responsabilidade professora Claudia Helena Gonçalves Moura.
Segundo a professora, a discussão, que se deu por meio de uma mesa-redonda, teve como proposta mostrar aos acadêmicos que os movimentos sociais se organizam para buscar os seus direitos e o seu reconhecimento. “Então, o princípio nosso é trazer justamente a relação da identidade com a cidadania e o quanto é importante que as pessoas sejam reconhecidas na sociedade hoje.”
No evento, o público tomou conhecimento de que a história do MGA está entrelaçada com a do seu fundador. Foi na Universidade, enquanto acadêmico de Direito da UNIFENAS, que Simaglio começou, de forma inconsciente, a dar os primeiros passos rumo à criação do movimento em 1998. Após participar de uma festa direcionada para o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), organizou sua própria festa. Percebeu que faltava algo e então, com um grupo de amigos, começou a se reunir nos finais de semana para discutirem fatos publicados sobre os homossexuais.
Em 2003, o movimento ganhava personalidade jurídica com a 1º Parada Gay de Alfenas. Ao contrário do que muitos possam pensar, a parada é pensada para o púbico hetero, pois, como afirma o advogado, “falar para o Gay que ele precisa ser respeitado não precisa”. Quanto ao fato da concentração para o evento ocorrer no centro da cidade, ele explicou que ali estão as famílias mais tradicionais. Não se trata de afrontá-las, mas ao contrário, mostrar-lhes que a praça é de todos e que é preciso aprender a conviver com as diferenças. Uma das colocações de Simaglio é a de que “você tem que exigir respeito quando você dá respeito. Você tem que combater homofobia com respeito”.
Ao tratar das conquistas do movimento, lembrou as leis municipais de Alfenas criadas para este público e o fato de que dele próprio foi eleito vereador em 2008. Defensor de que é com educação que se combate a homofobia, Simaglio afirmou que é preciso conhecer mais o movimento homossexual e saber que a diferença está apenas na orientação sexual. Respeito às diferenças ensinado em casa seria um dos caminhos. “Ainda mais na família, que é o cerne da questão. Quando você é mal tratado na rua e chega em casa e tem o respeito, o aconchego da família, é fenomenal. O cidadão cresce de uma forma natural, assumindo a sua questão de uma forma natural. Isso previne um monte de coisa lá na frente. ”
Ao final da mesa-redonda, o público pode se manifestar sobre o assunto. Os alunos que idealizaram o evento disseram que mensagem que fica da atividade é a de que questão seja mais exposta e que se consiga alcançar mais pessoas para um debate. O que vai ao encontro dos anseios de Simaglio. “Todos homofóbicos que conheci na vida eram pessoas que não tinham conhecimento do que era realmente ser homossexual”, disse o advogado.
O debate sobre “Identidade e minorias” contou ainda com a apresentação da “drag queen” Emanueli de Bordon, Miss Simpatia Sul de Minas 2017. Felipe Vitor, que dá vida a Emanueli, disse estar feliz com a realização do evento e que Alfenas já recebe bem os homossexuais. Lembra que no início, ao se assumir como Emanueli, foi algo difícil, mas que, no presente, graças em parte ao movimento, seu trabalho é reconhecido. “Hoje, graças a Deus, eu tenho o apoio dos meus pais, dos meus amigos e familiares. Vivo muito bem em relação a isso.”