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10 de julho de 2017

Artigo - Um gesto de reconhecimento e agradecimento


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Enio Rodrigues e Alexandre Pereira*



Na semana do dia 18 de maio, Dia do Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, faleceu Rosimeire Aparecida da Silva, psicóloga, natural de Pirapora/MG, ex-coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura de Belo Horizonte. Dona de um firme desconforto intelectual, Rosi, assim chamada pelos usuários e trabalhadores, apresentou-se no cenário mineiro e nacional como uma incansável militante contra a exclusão dos portadores de sofrimento mental.

Seu gesto profissional foi sempre marcado pela irreverência, denunciando o trancamento, os maus tratos e o descaso das políticas públicas com o sujeito louco e o usuário de álcool e outras drogas. Segundo ela, são eles que precisam protagonizar seus próprios percursos de tratamento. Um inversão de valores contra o secular silenciamento da loucura em antigos hospícios e hospitais psiquiátricos, recentemente, em Comunidades Terapêuticas, focadas na abstinência imposta e contrária à política nacional de Redução de Danos.

Um dos resultados de seu trabalho foi a construção da exemplar Rede Substitutiva de Saúde Mental de Belo Horizonte. A Faculdade de Medicina UNIFENAS-BH é grata pela sua contribuição no processo de reforma de nosso currículo, ajudando-nos a antecipar desconfortos, debatendo teorias e abrindo portas para a inserção de nossos alunos na rede. No segundo período, a Prática Médica na Comunidade (PMC) nos Centros de Convivência. No sétimo período, o Matriciamento em Saúde Mental nos Centros de Saúde. No sexto ano, o internato de urgência nos CAPS III/CERSAM’s.

Parabéns Rosi pelo seu trabalho! Você partiu e nos deixou a tarefa de continuar lutando, inclusive por uma psiquiatria aberta, coletiva, comunitária e por uma formação médica mais humanizada e comprometida com a loucura. “Por um gesto de formação em Medicina, reconhecendo a luta antimanicomial” é o slogan com que nossos alunos e professores da PMC partiram para a rua neste dia 18 de maio para festejar essas conquistas, reivindicando outras, marcando um posicionamento político e dançando um carnaval antimanicomial.



*Enio Rodrigues da Silva, Psiquiatra, professor de Saúde Mental e Psiquiatria do curso de Medicina da UNIFENAS/BH, Mestre em Psicologia Social e Doutor em Educação pela UFMG. Alexandre de Araújo Pereira, Psiquiatra, Doutor em Medicina pela UFMG, professor de Saúde Mental e Psiquiatria do curso de Medicina da UNIFENAS/BH e do Mestrado em Ensino em Saúde.