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24 de junho de 2016

Curso gratuito aborda acidentes com animais peçonhentos


Everton Marques
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No curso, ministrado na UNIFENAS, os participantes receberam informações sobre prevenção e tratamento

No período da colheita do café, aumentam os relatos de casos que envolvem pessoas picadas por cobra. O problema torna-se maior devido à desinformação de como proceder em acidentes com animais peçonhentos. Diante deste fato, o Nipa (Núcleo Interdisciplinar de Proteção Animal) da UNIFENAS promoveu um curso de Prevenção de Acidentes Ofídicos. Agentes da Vigilância Sanitária de Alfenas, estudantes de Biologia da Unifal e Medicina Veterinária da UNIFENAS participaram da capacitação, que foi ministrada gratuitamente.

O médico veterinário Vinícius José Julião, egresso do curso de Medicina Veterinária da UNIFENAS, abordou a prevenção dos acidentes com animais peçonhentos. Ele falou especificamente sobre as serpentes e destacou que a repulsa das pessoas para com estes animais não se justifica. “Na verdade não passa de mito, uma deficiência causada pela nossa educação.”

Como destaca, as serpentes têm importante papel no controle de pragas e hoje em dia é mais fácil morrer por leptospirose (doença causada por uma bactéria presente na urina de ratos e outros animais, transmitida, por exemplo, pelo esgoto, enxurrada e lama das enchentes), do que por um acidente ofídico.

Nem por isso os trabalhadores rurais devem abrir mão dos equipamentos de proteção individual. “O próprio nome já diz: equipamento de segurança. Porém muitos produtores rurais não aceitam e, infelizmente, pessoas pagam pela ignorância.”

Vinícius esclarece que, quando se avista uma cobra a primeira atitude deve ser de respeito e, posteriormente, se for o caso, de convocação de autoridades competentes para que façam a sua captura. Segundo ele, as cobras não atacam o ser humano e nem correm atrás dele; pelo contrário, fogem. Mas, em caso de acidente com picada, a pessoa deve saber identificar a serpente, caso não seja possível, pelos sintomas, o médico saberá identificar e indicar o soro adequado. E outra informação: as cascavéis e jararacas são os tipos de serpentes mais comuns da região do sul de Minas



Procedimentos em caso de acidente



No curso, a professora Maria Lúcia, responsável pelo serpentário da UNIFENAS, falou sobre o que ocorre quando um indivíduo é picado e explicou que os envenenamentos são diferentes, de acordo com cada espécie de serpente, por isso o tratamento deve ser específico. Ela afirma que acidentes fatais são raros. “Para uma pessoa morrer por um envenenamento ofídico, provavelmente, ocorreu uma série de equívocos, de atrasos e de falta de conhecimento para que tivesse problemas e chegar a falecer por causa disso.”

Em caso de acidente, o recomendado é levantar o membro atingido, manter a pessoa calma para não acelerar o metabolismo e os efeitos do veneno, mantê-la hidratada (com água) e levá-la o mais rápido possível para o hospital. A professora afirma que é um erro não buscar ajuda médica, por não haver sintomas depois de decorrido o tempo de meia hora após a picada. Quanto ao uso de torniquete, ele não é mais indicado. “Exatamente pela diferença que existe de venenos: alguns causam necrose, levam à destruição do tecido onde foi inoculado. Então, é melhor que esse veneno circule.”

“As pessoas têm muito medo de morrer. Quem sofre acidente sempre pergunta quanto tempo tem de vida? E não é por aí. As serpentes são animais muito lentos, não é porque a pessoa está a um metro que será picada. Para ser picada é praticamente preciso pisar no animal ou passar muito próximo. Claro, que uma vez picado, é grave. Por isso deve ir rápido para o hospital; e hoje não falta soro”, disse Maria Lúcia.

De acordo com Barbara Cardoso e Silva, integrante do Nipa e professora do programa de pós-graduação em reprodução, sanidade e bem-estar animal da UNIFENAS, 55 pessoas participaram do curso. Elas interagiram com os palestrantes e tiraram dúvidas sobre os animais peçonhentos. “Agora, no segundo semestre, pretendemos ir até às comunidades rurais para divulgar os cuidados que devem ser tomadas quando se depara com um animal desse tipo”, afirmou a professora.