“Medicina deve ser exercida com a razão e o coração!”
A afirmação acima foi dita durante a Semana Médica realizada na UNIFENAS
Everton Marques
Dr. Antonio Carlos Lopes durante abertura da Semana
Com o foco na tecnologia em saúde, inovação e educação médica, a 1ª Semana Médica do curso de Medicina da UNIFENAS, trouxe a Alfenas influentes palestrantes do Brasil e do exterior. Profissionais e acadêmicos da área de saúde presenciaram exposições que mostram o quanto a tecnologia pode contribuir e, ao mesmo tempo, destacaram que a “Medicina é uma arte para ser exercida com a razão e o coração”, como destacou Dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM).
Foram dois dias de palestras, e a abertura oficial, no dia 1º de junho, ocorreu com o tema “A relação Médico Paciente Frente à Tecnologia”. Dr. Antonio Carlos afirmou que a relação médico-paciente é a parte mais nobre da Medicina e, como tal, surge a partir da confiabilidade, do fato de o paciente não se sentir apenas como mais um. Como defensor intransigente de uma Medicina mais humanizada, destacou que ser médico é vocação e acredita que este profissional deve ser humilde e agir como intermediário entre o paciente e Deus, seja lá qual for a religião.
O presidente da SBCM reconhece que, dentro da realidade do sistema brasileiro de saúde, não existe um atendimento humanizado. “Porque o médico tem que atender a um número grande de pacientes, em um curto espaço de tempo, sem infraestrutura e, da próxima vez que o paciente volta, já não é mais ele [quem o atenderá].” Dr. Antonio complementa: “Dentro do que a Medicina preconiza como humanismo, é o que a palavra diz: tem que ser humano. Tem que ver o seu semelhante como se você a si próprio, destituído de qualquer vaidade, de qualquer preconceito.”
Ainda sobre a questão da carência na humanização, o médico alegou a falta de vocação para o exercício da profissão como um dos fatores. Segundo expôs, a Medicina tornou-se hoje um emprego bom para o recém-formado, que chega a ganhar de 10 a 12 mil reais por mês com plantões e não evoluem como profissionais. “Para ser médico é preciso gostar de gente. Então, existe o fator econômico que interessa para os vestibulandos, existe a falta de vocação e existem também os mitos positivos, que não têm mais a memória cultivada. Temos vários mitos positivos que serviriam de exemplo para os mais jovens. O mito positivo aqui é o Edson Velano”, disse ao recordar o Professor Edson Antonio Velano, fundador da UNIFENAS e idealizador do Hospital Universitário Alzira Velano, referência regional.
Além de acadêmicos da área de saúde, professores e convidados, também estavam presentes a abertura a reitora, Professora Maria do Rosário Araújo Velano; a vice-reitora, Dra. Viviane Araújo Velano Cassis e a pró-reitora administrativo-financeira, Dr. Larissa Araújo Velano Dozza.
Ao fazer uso da tribuna, Dr. Larissa falou do orgulho em receber o Dr. Antonio Carlos Lopes, que, na oportunidade também ,fez o lançamento da 3ª Edição do “Tratado de Clínica Médica”. A pró-reitora ressaltou que ele é um exemplo de dedicação, que faz da Medicina um sacerdócio e é um profissional abnegado. “Eu fico muito feliz, pois tudo que ele tem falado vai ao encontro dos preceitos da UNIFENAS, do curso de Medicina da Universidade, que é o que a gente pensa, que é o que demonstramos e é que queremos passar para os nossos alunos: Medicina se aprende ao lado do leito, ao lado de quem sabe”, disse a Dra. Larissa.
Formada em Medicina, ela ressaltou que a dedicação e o compromisso com o ensinar também é uma característica dos professores da instituição que, em sua maioria, são vocacionados tanto para exercer a Medicina quanto para lecionar.
Temas que contribuem para a formação médica
A Semana Médica contou com outras sete palestras. Segundo a Professora Annie Beatriz de Carvalho, vice-coordenadora do curso de Medicina da UNIFENAS, câmpus de Alfenas, os temas abordados foram produtivos para a formação dos acadêmicos. “Vieram enriquecer bastante o conhecimento dos alunos, trouxeram atualização, e realmente tivemos a participação de profissionais muito qualificados. Nós, professores, também aprendemos muito.”
Ainda no primeiro dia, a “Cirurgia Urológica Robótica” foi abordada pelo professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Dr. João Manzano. Ele falou dos avanços na área, sem esquecer-se da humanização. Enfatizou que, com a tecnologia, avançou-se nos diagnósticos e houve uma melhora no tratamento. “Mas não podemos nos esquecer de que o médico tem que ter esse relacionamento com o paciente, ter esse contato. O que a gente vê muitas vezes é que o médico usa a tecnologia para se livrar do paciente e esse é um grande erro.”
O segundo dia da Semana Médica, contou com as palestras: “Metodologias Ativas e Ensino na Educação”, proferida pela coordenadora adjunta do curso de Medicina da UNIFENAS-BH, Profª. Flávia Pereira de Freitas Junqueira; “O Ensino na comunidade: Experiências Nacionais e internacionais”, abordada pela professora Patrícia Robert Berithe Pedrosa de Oliveira (UNIFENAS-Alfenas); “Bioética no exercício da Medicina”, Professor Virgnínio Cândido Tosta Souza (UNIFENAS-Alfenas); “Residência Médica no Brasil: Cenário Futuro”, com o Dr. Evandro Guimarães de Souza (membro da câmara técnica do Conselho Nacional de Residência Médica / MEC); e “Ações de Vigilância e Controle de Mosquitos Transmissores de Abovirus (Dengue, Chicunguny e Zika)”, proferida pelo Biólogo Carlos Frederico Loiola.
Na abertura do segundo dia, houve ainda a palestra “Medicina Genômica e Genética Reprodutiva”, proferida pelo geneticista mundialmente conhecido, Dr. Ciro Martinhago, que é egresso do curso de Medicina da UNIFENAS, câmpus de Alfenas.