Professor Dr. Leo Pessini: Todo paciente, toda pessoa doente merece uma morte digna...”
“Qualidade de cuidados no fim da vida: questões éticas chave” foi o tema da palestra proferida pelo padre e professor de Bioética no mestrado do Centro Universitário de São Camilo, em São Paulo, Leo Pessini, aos alunos de Medicina do câmpus de Alfenas.
O palestrante relata que 30% dos pacientes que estão nas UTIs deveriam estar em casa, próximos de seus entes queridos recebendo os chamados “cuidados paliativos”. Leo ressalta que, quando o médico chega a um diagnóstico que não tem mais cura, é uma mentira dizer que não há mais o que fazer. “Não há mais nada a fazer na linha da cura. Todo paciente, toda pessoa doente merece uma morte digna, sem dor, em paz, sem sofrimento, com os cuidados paliativos, que se adquirem com a medicina humanizada. É preciso cuidar deste sofrimento psíquico, afetivo, espiritual, interior. É preciso cuidar de suas necessidades; necessidades físicas (higiene, conforto,), afetivas (presença de familiares, amigos), espirituais, sociais”.
O professor enfatiza que a atitude mais sagrada no trabalho da saúde é sempre o encontro com a pessoa; “que haja uma relação humana médico paciente; que seja uma relação marcada pelo respeito, pelos valores da pessoa e pela sua dignidade”.
Autor de vários livros e doutor em Teologia Moral/Bioética, Leo explicou sobre a distanásia e eutanásia. Resumidamente, distanásia é prolongar a vida do paciente, e eutanásia é abreviar. Em sua opinião, a distanásia é tão problemática e antiética quanto abreviar a vida, ou seja, a eutanásia. “Interessante que os códigos de ética de todas as profissões, no âmbito da saúde, protegem a vida do ser humano, isto é, o profissional não pode abreviar a vida. A nossa legislação também não permite. No entanto, não há nenhuma palavra sobre o prolongamento da vida, que é a distanásia. Todos se calam, acham um horror a eutanásia, mas se calam sobre a distanásia”.